O Glam Rock de Miley Cyrus 

Luiza Gonçalves

 

Capa do álbum Plastic Hearts (fonte: divulgação)

Em seu novo álbum, Miley Cyrus se entrega com determinação ao Glam Rock. Inspirada principalmente pelas bandas de rock dos anos 80, apresenta sua nova persona, visual e sonoramente marcante desta nova fase. Plastic Hearts é o nome do seu sétimo trabalho. Lançado no último dia 27, conta com 13 faixas de estúdio e 2 faixas bônus ao vivo. 

Embora o country, pop e eletrônico apareçam em canções como em Prisioner e High, o fio condutor do Plastic Hearts é o rock, presente já há algum tempo em sua carreira. Miley já realizou covers de músicas do Led Zeppelin, Blondie, Pink Floyd e Joan Jett em algumas de suas performances e houve a  influência sutil do ritmo em álbuns anteriores, como no Can’t Be Tamed de 2010. No seu trabalho mais recente, as guitarras elétricas, baixos e sintetizadores são marcantes e pode-se notar a presença de várias referências ao universo rocker no projeto.

Na segunda faixa, de mesmo nome do álbum, há uma breve introdução com a música Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones. Em Prisoner, parceria com a cantora pop Dua Lipa, observa-se a influência da música Physical, de Olivia Newton-John, principalmente pela sonoridade do refrão. A repetição na combinação harmônica das vozes das cantoras faz com a música seja um “match made in haven”. 

Verso do álbum Plastic Hearts (fonte: divulgação)

O álbum também possui outras 3 parcerias com ícones do rock.  A música Bad Karma conta com a cantora Joan Jett, ex-membro da The Runaways, com quem Miley paga tributo a clássicos da banda como Cherry Bomb e Bad Karma. Em Night Crawling, a cantora divide os vocais com Billy Idol. Por fim, Stevie Nicks marca presença num mashup intitulado Edge of Midnight, entre a faixa Midnight Sky, presente no álbum, e a clássica Edge of Seventeen. Os feats evocam o sentimento nostalgia, trazendo uma faceta moderna e repleta de personalidade autoral.

Dentre as principais temáticas trazidas no projeto estão a relação da cantora com a mídia, sua imagem, relacionamentos e a carreira na indústria musical. Seja em canções mais vibrantes como em WTF Do I Know? ou em baladas com High, a cantora apresenta as temáticas de maneira clara e direta, com letras fortes e grande entrega vocal.

Miley explora sua liberdade em Plastic Hearts. Seja a sexual, como descrita em Give Me Want ou a liberdade de escolhas, como canta em Golden G Sting. Ao longo do álbum,  nota-se o amadurecimento da cantora após anos de mudanças na carreira, polêmicas atreladas a sua imagem pós-Disney e perdas, como as que teve no incêndio em Malibu no ano de 2018, que destruiu sua casa. 

Plastic Hearts marca o início de um novo ciclo, ilustrado principalmente pelas letras de sua penúltima canção: “Este é o mundo em que vivemos, os rapazes mais velhos estão com todas as cartas e não estão jogando buraco. Você se atreve a me chamar de louca, já deu uma olhada neste lugar? Eu deveria ir embora, oh, eu deveria ir embora, mas acho que vou ficar”.