Genefax: “Estávamos na rua para que as pessoas estivessem em casa”

Por Erica Azevedo

Foto Acervo Pessoal


Genebaldo Correia, criador e repórter do “Fala Genefax”, considera a pandemia como o período que mais se dedicou ao jornalismo: “Foi a época que mais trabalhei. Não tivemos medo. Estávamos na rua para que as pessoas estivessem em casa”. Com nove anos de experiência no mercado jornalístico digital de Conceição do Jacuípe acredita que “A cidade tem muito potencial para crescer, gerar novos talentos, tem muita gente boa”. Atualmente possui o Instagram “Fala Genefax” com mais de 41 mil seguidores e o podcast “Café com Genefax” no Spotify. Em entrevista realizada pelo whatsapp, Genebaldo Correia, mais conhecido como Genefax, fala sobre o surgimento do site, os desafios e como enfrentou a pandemia.

Como surgiu a ideia do site e do podcast?

Comecei no estado de Alagoas fazendo vídeos para o Youtube. Depois surgiu o programa “Fala Povão”. Eu o classifico como o primeiro programa online do estado de Alagoas. Por ser natural de Conceição do Jacuípe, mas morar em Alagoas, os vídeos chegaram aqui na Bahia e rapidamente se espalharam pela cidade. Então fui convidado no ano de 2013 pela ex-prefeita Normélia Correia para fazer a assessoria de comunicação da prefeitura. Fui o chefe da assessoria além de estar à frente do site oficial da prefeitura, mas devido a resistência de outro site local, por conta de politicagem, houve algumas desavenças. Então resolvi abrir outro website. Na época as pessoas achavam que não ia dar certo, pelo fato dessa pessoa já ter um nome na cidade, estar há mais tempo no mercado. Mesmo assim abri a minha própria página na internet para falar bem do governo, mostrar as suas obras. Provar que eu e minha equipe tínhamos uma proposta diferente daquela já apresentada. Foi assim que surgiu na época o  “Berimbau Notícias”. Em 2021 resolvemos criar outro website e mudar o nome. Desde a sua criação ele cresceu tanto que o nome “Berimbau Notícias” já não agregava tanto. A população achava que só cobria a cidade de Conceição do Jacuípe. A partir daí surgiu o “Fala Genefax” que cobre toda a região Nordeste com foco no estado da Bahia. Em 2022 surgiu o podcast “Café com Genefax”. É um programa que faço com convidados que se destacam no meio artístico ou político na região para tomar um café e conversar.

Que tipo de matéria você mais gosta de escrever?

As matérias que gosto de fazer são sobre as celebridades. Quando comecei em Alagoas fazia muita notícia policial, depois fui entrevistar famosos, me identifiquei. É algo que realmente gosto de fazer.

Com o crescimento do site, quais os maiores desafios em relação a produção de conteúdo e apuração dos fatos?

Fazer jornalismo mudou muito depois das redes sociais, principalmente o whatsapp. Atualmente o maior desafio é apurar a notícia com rapidez por causa das fotos que circulam em diversos grupos de whatsapp. São muitas informações inverídicas, não checadas. Chegamos a perder audiência para os grupos de whatsapp por conta dos muitos compartilhamentos que ocorrem sem uma verificação prévia. O grande desafio é ter agilidade para publicar algo com credibilidade e autenticidade. Eu costumo dizer que tem que pedir até o telefone do cachorro se ele tiver celular.

Como ocorre a escolha das publicidades que aparecem no site?

É um site comercial, precisamos de anúncios para sobreviver. São os  anunciantes que pagam o website, assim como na TV, no rádio. Então precisamos correr atrás desses patrocinadores para pagar nossas contas. O mais importante é ter credibilidade no mercado para que os anúncios cheguem. Ninguém vai anunciar uma grande empresa em uma página que não tem confiabilidade. Tem que gerar confiança entre os comerciantes, o público em geral. Ter conteúdo, audiência para ter grandes patrocinadores. Nós não escolhemos o anunciante é o anunciamente que escolhe o site para divulgar.

Como você vê o mercado jornalístico na cidade de Conceição do Jacuípe?

É muito difícil ter um site que tem um custo alto. Pense grande em uma cidade pequena.  É difícil manter o website por causa da concorrência desleal. Abrir uma página na internet hoje é fácil. Pode-se comprar um domínio, um modelo pronto. O problema é gerar conteúdo para  torná-lo interessante. Muitas pessoas abrem um site, colocam no ar e começam a copiar matérias de outros porque não tem equipe, não tem material, além de cobrarem um preço barato. Isso desagrega o valor de outros mais competentes. Conceição do Jacuípe tem três emissoras de rádio, uns sete sites circulando, então a maior dificuldade em ter um site no interior que pensa alto, tem equipe, equipamentos, conteúdo é agregar valor para os patrocinadores. Pelo fato de algumas pessoas preferirem o mais barato mesmo não tendo um retorno favorável.

Ainda em relação ao mercado jornalístico na cidade, como você o vê daqui há 10 anos?

Sou bem otimista. Atualmente tem várias pessoas surgindo na área, principalmente na rádio. A rádio Educadora, por exemplo, tem algumas mulheres na equipe de locução fazendo a diferença. A cidade tem muito potencial para crescer, gerar novos talentos. Tem muita gente boa. Digital influencer com cem mil seguidores no instagram aqui no município. Tem tudo para se desenvolver. Só falta mudar o pensamento de interior de não reconhecer o trabalho dos conterrâneos. Até porque tem espaço para todos no mercado.

Em relação ao podcast qual episódio você mais gostou de fazer?

Cada podcast é totalmente diferente um do outro. São histórias diferentes, pessoas diferentes. Fico maravilhado com as conversas porque é um bate-papo mesmo de antigamente dos programas de rádio, de ouvir no radinho. O mais interessante foi o do dia das mães porque eu sou órfão de mãe. Conseguimos fazer uma homenagem, trouxemos uma mãe que tem dezesseis filhos e ela contou sua história. Foi emocionante.

Qual matéria te marcou ao longo da sua carreira?

Eita! É muita matéria. Mas as audiovisuais tem seu lado gostoso de fazer. Conheço pessoas, histórias, locais. Mas o que mais gostei de fazer não foi uma matéria, mas um quadro “Quero um Amor” que tenta encontrar um(a) namorado(a) para alguém. Foi um sucesso imenso.  Alguém uma vez falou comigo “estou tão feliz, porque agora sei que vou encontrar uma namorada”. Isso me marcou muito. Foi um divisor de águas na minha vida. Até hoje a população comenta. Infelizmente tivemos que parar porque tinha grupos que estavam fazendo chacota de quem participava e essas pessoas ficavam com medo, com vergonha de participar. Gostaria de retomar o quadro, mas é preciso que esse público tenha consciência. Parar de zombaria com quem participa do “Quero um Amor”.

Quais foram os maiores problemas que você enfrentou na pandemia?

A pandemia foi o maior desafio da minha vida. As pessoas ficaram em casa, precisavam de informações. O público do site dobrou. A audiência para mim foi a melhor fase. Deu um upgrade em todo website. Foi a época que mais trabalhei. Não tivemos medo. Estávamos na rua para que as pessoas estivessem em casa. Foi um período de medos vencidos. Teve poucos casos de Covid-19 na equipe. Nós fomos o marco do primeiro debate transmitido via internet na eleição municipal de Conceição do Jacuípe. Praticamente paramos a cidade. A pandemia foi muito boa para o “Fala Genefax”. Um desafio enorme na minha vida, mas foi muito positivo em vários aspectos.

Em relação ao debate, como foi a experiência de fazê-lo em plena pandemia?

Foi um grande desafio. Fiz um debate com o município inteiro assistindo. Fiquei nervoso, cheguei até gaguejar. Não tinha experiência em ser âncora de debate. E a responsabilidade também… Mas foi fundamental para as pessoas escolherem seus candidatos. A população abraçou o trabalho. Vai ficar na história como o primeiro. Com certeza haverá mais nas próximas eleições, porque é importante para o estado democrático, os eleitores e os candidatos.


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