Rafael Velame: “O jornalismo cumpre uma função social e tem se tornado cada vez mais necessário nesse momento de constantes rupturas, de releituras e transformações que nós vivemos.”
Por Glenda Silva Morais
O podcast político “Velame pra quem merece“, criado pelo jornalista Rafael Velame, procura trazer para o público de Feira de Santana uma participação ativa quanto a política de seu município. O programa acontece todas às quartas-feiras, às 19h, através de transmissão ao vivo pelo Youtube. O canal, que conta com pouco mais de 1,3mil inscritos, é uma continuação do Blog do Velame, fundado em 2008 a fim de promover o jornalismo local de Feira. Hoje, o blog é referência para a cidade e em sites de notícias de todo o estado da Bahia. Como âncora do jornal Band FM, o profissional evidencia, em conversa remota, a relevância de se ter um veículo que aponte questões políticas de sua cidade de maneira transparente e segura. Apesar de todas as dificuldades vivenciadas pela profissão, Rafael defende o caráter social do jornalismo: “Pretendemos com o podcast promover a verdade.” Ao utilizar do jornalismo investigativo de maneira criativa e divertida, mas também sem perder sua função social, acredita que a busca por um conteúdo político diversificado contribui para a quebra de padrões e disputas ideológicas presentes na região: “São sempre políticos de todas as vertentes – de esquerda, direita, centro.”
- Qual seu público alvo para o podcast e por quê?
Meu público-alvo é o público de Feira de Santana e região. As pessoas que se interessam preferencialmente por política. Estamos focando também, neste momento, em um público mais jovem. Sob o meu ponto de vista, o jovem está cada vez mais se interessando por política. Então criamos esse formato visando essas pessoas: o jovem de Feira de Santana que tem interesse por notícias políticas, por entrevistas com conteúdo político.
- É fácil manter um podcast com esta finalidade?
Não, não é fácil manter um podcast com essa finalidade porque envolve muitas pessoas. Eu tenho hoje no meu podcast, diretamente, quatro pessoas que trabalham comigo. Isso exige alguns custos e investimentos com equipamentos, pessoas e produção. Não é fácil você manter um podcast desse com toda essa estrutura que temos. Com, infelizmente, o baixo investimento que temos das marcas e empresas neste tipo de material jornalístico.
- Quais desafios você enxerga na criação de seu podcast diante dessa era informacional e, também, da desinformação?
Primeiro, para manter um projeto, o custo é alto. Isto não é fácil, visto que as empresas, como eu já disse anteriormente, ainda não tem o costume de investir neste tipo de material. Dependemos da nossa audiência para poder se manter. Mas, nesta era da desinformação, em que as pessoas não sabem distinguir uma notícia verdadeira de uma notícia falsa, que compartilham conteúdos sem checar a veracidade e ficam à mercê de manipulações, buscamos com este projeto ser mais uma fonte confiável de informação. Um dos nossos desafios é justamente esse, transformar o canal em uma fonte confiável de informação para as pessoas de Feira de Santana e região. Temos tentado fazer com que as pessoas se sintam contempladas com o que produzimos lá. São sempre políticos de todas as vertentes – de esquerda, direita, centro. Pretendemos com o podcast promover a verdade. Temos comprovado que os usuários se engajam e visualizam mais fake news do que notícias reais. As pessoas as vezes até sabem que as notícias são falsas e mesmo assim compartilham. Isso tudo ocorre por conta de disputas ideológicas e tentamos fazer com que essas fake news, essas opiniões travestidas de notícias não prosperem. Eu sou um defensor da liberdade de expressão e sabemos o impacto disso na população e na administração pública, então um dos propósitos do programa é justamente esse, abordar a crise entre imprensa e redes sociais que está cada vez mais latente para as pessoas, assim como a perda de credibilidade da imprensa por conta desse embate político e do radicalismo.
- Para você, diante do período eleitoral que estamos vivenciando no Brasil, o seu podcast semanal pode contribuir de que maneira para a informação do público de Feira de Santana?
O jornalismo cumpre uma função social e tem se tornado cada vez mais necessário nesse momento de constantes rupturas, de releituras e transformações que vivemos. Vimos agora em tempo de pandemia que ficou ainda mais clara a importância do jornalismo local de qualidade para a sociedade. É isso que eu busco com este projeto para Feira de Santana. Nós temos governos não transparentes. E esse trabalho jornalístico que buscamos fazer aqui em Feira, busca orientar a sociedade feirense em meio a esses acontecimentos. Ele é a continuação de um trabalho que existe desde 2008, no “Blog do Velame.com”, que sempre atuou diariamente na produção de um jornalismo local, independente, baseado nos princípios investigativos da profissão. Sempre desafiou, nunca se intimidou com o poder. Já fizemos muitas denúncias de corrupção, desvio de verbas, fraudes. Muita denúncia foi publicada com exclusividade ao longo de todos estes anos. Todo esse trabalho fez com que tornássemos um veículo investigativo de referência na cidade. Somos referência para sites de notícias de todo o Estado da Bahia, constantemente eles reproduzem nosso conteúdo. É dessa forma que acredito que conseguimos contribuir com o jornalismo de Feira de Santana.