Quase sem querer
A trajetória de Marcelo Azevedo até ser contratado como estagiário pela Folha de S. Paulo
por Pedro Carreiro
No auge da pandemia, em setembro de 2020, Marcelo Azevedo, estudante de Jornalismo da UFBA, estava desesperado por um estágio. Como as aulas estavam suspensas naquele período, não tinha muito o que fazer durante o dia. Um amigo lhe perguntou se gostaria de ser indicado para uma vaga de estágio na XP Investimentos como assessor. Mesmo sem nenhuma experiência, nem jamais ter cogitado trabalhar na área de economia, aceitou. Por conta dessa experiência, em fevereiro de 2021 ele conseguiu uma vaga para estagiar no Jornal A Tarde, de Salvador. Devido às experiências nesses dois estágios na área de Economia, que ele nunca imaginou que iria atuar, se tornou um dos mais jovens contratados pela Folha de S. Paulo, após participar do trainee da empresa, em agosto de 2021. Hoje trabalha remotamente como repórter na editoria de Economia.
Do trainee ao contrato
Marcelo sempre teve em mente que faria o trainee da Folha ou do Estadão em algum momento, mas pensava a que poderia ser do quinto semestre em diante. Por conta da pandemia, a Folha realizou a seleção do programa de trainee virtualmente e sem restrições de semestre. Por ser inteiramente online, mesmo sem muitas pretensões, Marcelo decidiu participar. Preencheu sua ficha de inscrição, mas no último dia preferiu não enviá-la, pois achava que ainda não era o momento. Porém, por algum motivo que nem ele mesmo sabe, sua inscrição foi enviada. “Eu fechei a pagina só que acho que salva automaticamente. Não sei se minha ficha foi em branco ou se eles pegaram as informações de outra ficha que enviei para processo seletivo de estágio. Só sei que não apertei em enviar”, explica.
Ao receber o convite para a prova do processo seletivo pensou: “Porque não, né? Já pensava em fazer o trainee em algum momento mesmo”, lembra. Apesar de não ter muitas expectativas e achar que foi horrível na entrevista, Marcelo passou na seleção. Ao longo do programa de trainee, se destacou bastante. Uma semana após o término do programa de treinamento surgiu uma vaga na editoria de Economia da Folha. Devido ao conhecimento obtido na área durante os estágios e seu desempenho ao longo do trainee, foi contratado para ocupar a vaga.
Escolha do jornalismo
Assim como nunca havia cogitado trabalhar com algo relacionado a economia e que não deveria fazer o trainee naquele momento, Marcelo também não imaginava trabalhar com jornalismo. Apesar de sempre ter gostado de ler e escrever, não pensava em fazer o curso de Jornalismo porque daria pouco dinheiro. Já havia passado por sua mente Medicina, Letras e Direito, mas durante o ensino médio fez algumas simulações da ONU na qual sempre era repórter. Por conta disso começou a se interessar por jornalismo. No terceiro ano do ensino médio ele ganhou uma bolsa para uma faculdade de Direito. Todos esses aspectos somados ao incentivo da sua tia, que também é jornalista, fizeram com que Marcelo optasse por se inscrever em Jornalismo na UFBA através do Sisu. “Se tudo der errado, tenho garantido a faculdade de Direito”, pensou.
Durante o primeiro semestre da faculdade, Marcelo chegou a cursar os dois cursos simultaneamente, mas não demorou muito para cancelar uma das matrículas e seguir apenas com Jornalismo. Além de não conseguir se ver trabalhando com nada relacionado a Direito, logo no primeiro semestre uma atividade o fez perceber que o jornalismo era o que realmente queria. Para a atividade da disciplina de Oficina de Comunicação Escrita, Marcelo tinha que fazer um perfil, uma entrevista e uma reportagem no primeiro dia do festival VIVADANÇA de 2019. Ele lembra do dia com muito carinho, mas reconhece que nem tudo foram flores, já que foi assaltado a caminho do evento. Logo no primeiro semestre na Facom também entrou no PETCOM. Lá ele foi repórter e ajudou na produção de uma edição da revista Fraude. Saiu da instância para fazer o estágio na XP Investimentos.
Rotina cansativa que aumenta ansiedade
Conciliar faculdade com trabalho não é nada fácil, ainda mais quando se trabalha em um dos principais veículos noticiosos do país. Nem o próprio Marcelo sabe explicar como concilia as duas coisas. Ir de manhã para faculdade, depois voltar para casa, trabalhar por até 9 horas remotamente é uma rotina bem pesada, de acordo com ele. Tão pesada que, apesar de grande fã de cinema, raramente tem tempo para assistir um filme. Até mesmo quando o trabalho dá uma trégua, não faz as coisas que gostaria de fazer, pois está muito cansado, mas sabe que seguir assim não é tão saudável. Sua saúde física e mental tem que vir na frente do trabalho.
Marcelo também é uma pessoa muito ansiosa. Está sempre agitado pensando no que tem que fazer depois. A agenda lotada não ajuda nem um pouco a controlar essa ansiedade. Tanto que, pouco tempo depois de ser contratado pela Folha, Marcelo constantemente acordava assustado e corria para o computador achando que tinha que trabalhar. Só depois de um tempo percebia que não tinha que trabalhar naquele dia, então voltava a dormir.
Mantendo o bom humor e os filmes em dia
Apesar de tudo, ele está sempre tentando ser o mais leve possível. Sempre muito bem humorado, Marcelo é uma pessoa tranquila no que diz respeito a se relacionar com as pessoas. Trata até mesmo os desconhecidos como amigos próximos. “Acho bem chato ter que conhecer alguém muito fechado”, declara. Brincalhão, adora mandar figurinhas que ele mesmo classifica como idiotas nas conversas de whatsapp, além de constantemente estar fazendo piadinhas.
Marcelo também é um grande fã de filmes. Mesmo muito ocupado, tenta sempre realizar uma das suas atividades de lazer favoritas: assistir um filme depois de almoçar. Marcelo gosta tanto de filmes que tem o costume de anotar todos que assiste. Algo que até pouco tempo ele achava que era normal e todo mundo fazia. Já chegou até se dar como missão em alguns anos assistir todos os filmes que foram indicados ao Oscar naquela edição.