Tristeza de Verão
Emanuel Messias Campos Salomão Gonçalves
O amor nos traz sensações únicas, do conforto e bem-estar a angústia. Sensações essas que, aos 25 anos, Elizabeth viveu intensamente quando, em plena pandemia, encontrou um homem que tão rapidamente se tornaria o seu grande amor. James, de 39 anos, encantador e misterioso, que recentemente havia se mudado para o apartamento 102, ao lado do 101, onde a Elizabeth morava. James sempre vestia jeans e blusa branca. Seu ar misterioso foi o ponto chave para Elizabeth se interessar, além de sua preferência por homens mais maduros.
Isolada em casa, a única companhia de Elizabeth era o seu gato, Romeu. Ela passava o tempo lendo livros, bebendo bons vinhos e ouvindo seus discos preferidos, em específico, todos os do Frank e Nancy Sinatra. Até que em uma volta ao mercado, Elizabeth encontrou James no elevador e aconteceu algo que costumam chamar de amor à primeira vista. Desde já, eles não paravam de conversar, houve uma química entre os dois quase instantânea. James, era tão perfeito que parecia ter saído de uma das letras melodramáticas das músicas que a Elizabeth costumava ouvir, seu aroma de canela e alecrim era conquistador e os favoritos da Elizabeth.
Como os dois estavam isolados há semanas, ambos concordaram em passar uns dias juntos. “Se você se aproximar sem me machucar, será o primeiro a fazer isso!”, avisou Elizabeth. Encantado com as palavras, James se entrega ao máximo para Elizabeth, realiza os seus sonhos mais intocáveis e os dois vivem os dias ouvindo músicas, bebendo, conversando, se amando e observando o belo céu azul de verão, com a esperança de que bons dias virão e que a pandemia irá acabar e poderão realizar as viagens idealizadas pelos dois.
Após uma noite de bebedeira, Elizabeth acorda em seu divã por conta da música alta e procura por James. Ela retira o disco de Frank Sinatra e procura por toda a casa, mas ele não está mais lá. Elizabeth sai de casa vestindo sua camisola de cetim branco e vai direto ao apartamento 102, à procura de James. Parada na porta, se dá conta de que o apartamento 102 continua vazio, sem vizinhos novos, apenas com poeira e mofo. Ela se dá conta de que James foi apenas fruto da sua imaginação e que continuará sozinha no verão. Elizabeth se pergunta: “Estou feliz?” Mas ela mesma sabe que não está. Chegando à conclusão de que o melhor que poderia ser respondido era apenas: ‘’Não estou triste’’. Além do seu tedioso cotidiano diante a pandemia, ela só tem a sua tristeza de verão.