“A vida é pra valer”

As idas e vindas de Marvin Cerqueira

Foto: acervo pessoal

Por Yan Inácio

O capítulo Schebna nº 820 da Ordem DeMolay está localizado em São Caetano, bairro de Salvador e é uma das mil células da Ordem DeMolay no Brasil. É uma organização sem fins lucrativos gerida por jovens de 12 a 21 anos. Sua tônica é trabalhar os valores e as virtudes de seus membros tendo como alicerce o espírito de fidelidade, liderança e responsabilidade.

Marvin e seu gêmeo Lucas aparecem com semblante de serenidade numa foto postada pelo capítulo Schebna no Facebook em 2017. Entre os dois está um colega que exibe um rosto menos convidativo a simpatias. O retrato foi tirado na ocasião da eleição para o Conselho, maior cargo administrativo da casa. Nesse dia, Marvin foi eleito um dos conselheiros.

Membro da Ordem desde seus quinze anos, Marvin diz que suas ideias saíam do papel com mais facilidade naquela época, seja para organizar eventos filantrópicos para arrecadar fundos, ou apenas para participar da elaboração de um simples festival de yakissoba no Palácio Maçônico de São Caetano. “Foi um tempo muito prático, onde literalmente minha cabeça pensava um pouco mais na ação” disse ele, se referindo à dificuldade de levar projetos à frente atualmente.

Soteropolitano, Marvin Cerqueira morou em inúmeros bairros de Salvador, mas Itapuã foi o mais marcante na sua vida, visto que viveu grande parte de sua adolescência por lá. Ele diz com serenidade que podem largá-lo em qualquer lugar de Itapuã e ele vai saber se encontrar. Em 2017, depois de ingressar no Bacharelado Interdisciplinar em Artes na UFBA, o Parque São Braz, na Federação, se mostrou protagonista em sua vida e colaborou para misturar mais ainda a vida universitária com sua vida pessoal.

Agora, com 24 anos e longe das formalidades maçônicas, Marvin quer alavancar outros tipos de projetos. Ele está no segundo semestre do curso de Produção Cultural da UFBA e os ambientes que frequenta na universidade são cheios de inspiração, seja nos papos aleatórios na “varandinha” da Faculdade de Comunicação, ou no cantinho batizado por ele e seus amigos como “formigueiro”, cantinho atrás do prédio das letras, ou até no misterioso “bambuzal”, onde a privacidade ajuda na abstração.

Criado ao som das notas, Marvin sempre esteve envolvido com a música, porém, mesmo tendo um grande hit com seu nome, ele odeia quando alguém o toca na presença dele.  Na pré-adolescência já admirava os artistas que também inspiraram seu pai, como Chico Buarque, Gilberto Gil e Fleetwood Mac, mas ainda deixava espaço para o espírito adolescente do Nirvana. Sonhava em aprender a tocar violão e guitarra para tocar com seu pai e queria aprender pelo caminho mais fácil, sem passar por teoria. Sério, seu progenitor queria guiá-lo por uma trilha mais árdua, mas que ajudaria a desenvolver sua independência musical mais rapidamente.

Marvin descobriu o amor pela fotografia recentemente e mesmo que o gene musical tenha se manifestado mais cedo (seu pai é músico dos bons), sua ferramenta principal agora é a câmera fotográfica e a infinidade de possibilidades que ela oferece. Para ele, o ato de fotografar está ligado ao “lado artístico e subjetivo da coisa”. Além disso, Marvin fala com entusiasmo da forma de compor fotografias: “você utiliza os recursos que estão ao seu redor e que fazem parte de uma realidade, só que você compõe eles de uma forma que na fotografia eles conseguem transcender a posição deles nessa realidade”.

Enxergar o que ninguém viu é um dos objetivos de Marvin Cerqueira quando está com a câmera na mão, também é quando está apenas observando com os olhos, perscrutando a paisagem em busca de abstrações visíveis apenas a olho nu. O fone quase sempre está presente no ouvido, tocando coisas que inspiram e ajudam a tapar os ruídos externos do mundo exterior. A arte está sempre presente em seu cotidiano independente da maneira como se mostra aos sentidos.

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