“O que pode um corpo” curta traz um novo olhar sobre corpos com deficiência

Por Ester Xavier

Pôster “o que pode um corpo”

O documentário/curta “ O que pode um corpo”, protagonizado por Victor Di marco e dirigido por ele e Márcio Picoli, aborda a experiência pessoal de Victor enquanto uma pessoa com deficiência. A obra mostra a trajetória de Victor no desejo em ser artista que se conecta com sua sexualidade e a anulação de seu corpo enquanto potência. Com tom crítico traz uma nova percepção sobre representatividade e a falta dela.

O filme ficou em cartaz no festival de cinema Santa Cruz até o dia 11/12, sem previsão para ser exibido de novo. Para acompanhar o calendário, making of e notícias sobre o filme é só seguir o perfil @oquepode no instagram.

O curta se utiliza, de forma muito inteligente, da licença poética de um filme documental, para além dos fatos trazer o lúdico para a tela, o que nos transporta para dentro do universo de Victor. Neste universo ele nos convida a rever nossa perspectiva sobre os corpos deficientes e questionar as preconceitos da sociedade.

O curta pode ser desconfortável para pessoas com  sensibilidade a certos sons, ou imagens ampliadas e pausadas, o indicado para essas pessoas seria não se utilizar do som ou só se utilizar do som, dependendo do caso. Porém não deixem de ver essa obra prima do cinema brasileiro.

Fazendo jus a sua produção simples porém excelente, desde o seu lançamento o curta já passou em diversos festivais, como o 31º Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo CURTA KINOFORUM. Contando também com indicações e premiações incríveis como “Troféu Borboleta de Ouro” , “Favoritos do Público”, ambos no KINOFORUM e “Melhor Direção”” no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.

Com promessa fiel a luta de Victor pelo anticapacitismo e protagonismo de pessoas com deficiência em todos os ambientes, o filme possui legendas adaptadas para pessoas com deficiência auditiva e segundo Victor e Márcio contará em breve com interpretação em libras também. 

Apesar de curto, o filme com sua produção sonora envolve cada um de nossos sentidos, despertando emoções, é intenso e doloroso, ao mesmo tempo que faz críticas severas ao nosso sistema e sociedade.  Mostra que esconder um corpo seja ele qual for ou de quem for, traz consequências às vezes insuperáveis.

Sinopse: Um bebê nasce, mas não chora. Um corpo grita e não é ouvido. As tintas que escorrem em um futuro prometido, não chegam em uma pessoa com deficiência. Victor faz de si a própria tela em um universo de pintores ausentes.